Thursday, January 28, 2010

Não acredito em vampiros, mas que os há, há...

Numa altura em que nos fartamos de ouvir falar de vampiros (sim, porque eu até posso gostar do género de filmes e séries mas acho que o que é demais é demais, pois além dos filmes não há um canal que não vá iniciar uma série ou novela do tema, irra - até tira o prazer da coisa) resolvi falar dos verdadeiros cvampiros. Por que sim, eles existem e são bem diferentes dos politicamente correctos Cohen da saga de Setephenie Meyer, ou dos tenebrossos clássicos do cinema ou ainda dos cómicos de filme "Amor á primeira dentada" dos anos 80. Não, nada disso, falo dos que nos rodeiam todos os dias, aqueles que nos sugam as energias, através de uma convivência conflituosa, porque só no conflito se sentem bem, e que com o mau ambiente que criam ao nosso redor, destróem os nossos nervos só por não aguentarem nos ver com vidas mais felizes e preenchiodas que eles. Ou os que pertencendo ao nosso circulo mais intímo de conhecimentos, como família ou amizades, nos sugam o amor-próprio, a autoconfiança, que nos manipulam á sua vontade. Ou aqueles maridos ( e algumas mulheres) que violentam a(o) companheira(o) fisica e/ou psicológicamente e os filhos, criando uma destruturação na família e uma convivência diária com a violência, naquele que devia ser um porto de abrigo ao desenvolvimento pessoal de cada um. Ou aqueles colegas de trabalho ou superiores que não nos respeitam, e se aproveitam dos nossos esforços para auto-promoção, ou exploração disfarçadamente descarada, e sem qualquer respeito desprezxam e deitam fora o trabalho válido, por não saberem funcionar em equipa, o que gera stress e insatisfação.
Mas o mais grave, é que estes "vampiros" não podem ser identificados pela ausência de reflexo no espelho, pela exposição á luz solar, nem por só nos cruzarmos com eles á noite. Não estes "vampiros" aparecem a todas as horas do dia em todas as situações possíveis e imaginárias e não podemos nos defender deles nem com cruxificios nem com alho, e muito menos com prata. Nem mesmo os identificando podemos espetar uma estaca nos seus corações. Por isso, tudo o que podemos fazer é ter muito cuidado com as pessoas com quem nos relacionamos, e se as identificarmos, então fugirmos a sete pés o mais rápidamente possível antes que nos suguem a nossa energia vital, a nossa alegria e a nossa tranquilidade.

Soneto de Shakeaspeare do dia:

2.

When forty winters shall besiege thy brow,
And dig deep trenches in thy beauty's field,
Thy youth's proud livery, so gazed on now,
Will be a trotter'd weed, of small worth held:
Then being asked where all thy beauty lies,
Where all the treasure of thy lusty days;
To say, within thine own deep-sunken eyes,
Were an all-eating shame and thriftless praise.
How much more praise deserved thy beauty's use,
If thou couldst answer, 'This fir child of mine
Shall sum my count, and make my old excuse',
Proving his beauty by succession thine!
This were to be new made when thou art old,
And see thy blood warm when thou feel'st it cold.

Thursday, January 21, 2010

O Bom e o Mau...


.... da festa!

Eu tenho o hábito de usar o meu aniversário para fazer uma festa, utilizando a data como uma justificação para juntar todos os meus amigos.
E por enquanto, o habitual é juntá-los num local público porque ainda não conquistei a minha independência para o poder fazer num cantinho só meu, ou seja, naquela que será a minha primeira casa. Mas de qualquer forma não deixo de sonhar com o dia em que o poderei fazer várias festas nesse meu espacinho.
E, embora eu adore ver o quanto eu sou querida pelo número de amigos que raramente falham a partilha desta celebração, e me sinta feliz por estar com eles, esta data também traz sempre coisas menos boas.
Todos os anos, há sempre alguém que não respeita a data indicada para a confirmação de presença, há sempre aqueles que nem confirmam se estarão ausentes ou não, o que me deixa sempre no dilema de guardar ou não lugar para essas pessoas, o que por sua vez dá azo a que aconteça uma de duas situações nada agradáveis: 1ª) Acabo com lugares vazios e mesas a serem reclamadas pelos empregados do restaurante; 2ª) e como veio a acontecer no ano passado (por minha culpa e por respeito aos outros ter feito as coisas em cima da hora) a mesa e os lugares não chegam para os convidados e os últimos a chegar tiveram que ficar espalhados por mesas próximas...
Eu não sei se sou só eu que penso assim, mas a mim estes aborrecimentos escurecem um pouco a alegria e o brilho destas noites e deixam-me por vezes à beira da desitência de organizar estes jantares. Eu sei que nem todas as pessoas têm o mesmo tipo de educação e aceito bem as diferenças dos meus amigos, mas se eu tenho o máximo de consideração pelas pessoas de quem gosto, seria demais esperar o mesmo delas???
E, como se não bastasse ( e embora eu aceite a maioria das desculpas como razões válidas) há ainda aqueles que depois de terem confirmado a presença, desistem há última da hora, por este ou aquele motivo.
A verdade é que apesar destes "amargos de boca", só faz falta quem lá estiver e a noite costuma correr bem e é sempre divertida.
Mas estou a ficar velha e às vezes sinto que me falta a paciência para passar todos os anos por estes stresses e espero que no dia em que for a feliz dona do meu espaço, isso já não me aborreça nem me preocupe, pois pretendo ser uma excelente anfitriã e como tal nunca faltará comida, bebida ou diversão aos meus convidados e haverá sempre espaço para mais 1, 2, 5 ou 10. E sei no fundo da minha alma, que farei da minha casa um lugar onde os amigos se sentem bem e querem sempre voltar...


Soneto do dia de Shakeaspeare:


1.

"From fairest creatures we desire increase,

That thereby beauty's Rose might never die,

But as the riper should by time decease,

His tender heir might bear his memory:

But thou, contract to thine bright eyes,

Feed'st thy light's flame with self-substancial fuel,

Making a famine where abundace lies,

Thyself thy foe, to thy self to cruel.

Thou art now the world's fresh ornament,

And only herald to the gaudy spring,

Within thine own bud buriest thy content,

And, tender churl, makeast waste in niggarding.

Pity the world, or else this glutton be,

to eat the world's due, by the grave and thee."

Monday, January 18, 2010

Envelhecer


Todos os dias desde que nascemos, envelhecemos, embora enquanto somos crianças a isso se chame crescer…
Chegando á maioridade já não nos é permitido crescer, senão no carácter.
Ainda assim apreciamos as experiências que vivemos e tentamos aprender com elas de modo a que cada dia sejamos uma pessoa melhor, e com a aprendizagem que a vida nos dá, aprendemos a não cometermos os mesmos erros.
Por isso, o envelhecer tem tanto de mau quanto de bom. E mesmo que eu esteja com 32 anos e longe de alcançar tudo aquilo que mais desejo, tenho a esperança de que este será o ano em que a minha vida finalmente se encarrile e eu consiga lançar as bases da minha futura casa e família.
Sim, minha futura família, porque mesmo hoje estando sozinha eu nunca desistirei deste sonho e de uma maneira ou outra irei consegui-lo.
Porque aprendi que não necessito de um homem para cumprir este sonho. Pois se é bem verdade que preferia a família tradicional, quando a minha vida estiver estabilizada eu vou resolver esta questão de uma maneira ou de outra, e se a pessoa certa entretanto aparecer, só será a pessoa certa se aceitar os meus filhos, sejam eles adoptados ou produção independente, e os tratar como filhos sem nunca os maltratar.
Quanto à figura paterna, tenho amigos que gostam de crianças e poderão sempre ser o exemplo a seguir e eu tudo farei para que nada falte aos meus filhos.
Porque eu nasci para ser mãe e não será uma insignificância como ser solteira que o vai impedir ou que vai fazer com que os meus filhos não sejam saudáveis quer física quer mentalmente.
E talvez um dia, eu possa olhar com calma e tranquilidade para o meu passado com a certeza que vivi uma vida plena, realizada e que tomei as decisões correctas e fiz dos meus filhos pessoas com valor que tornarão este mundo cão num mundo melhor. E com isto poderei partir com a certeza que cumpri a minha missão.
Livros lidos: A Filha da Floresta – Juliet Marillier
O Filho das Sombras – Juliet Marillier
Amados Cães – José Jorge Letria

Livroas a Ler: A Filha da Profecia – Juliet Marillier
A Marca das Runas – Joanne Harris

Livros próximos: O Herdeiro de Sevenwaters – Juliet Marillier
Sapatos de Rebuçado – Joanne Harris

O Suicídio

O Suicídio - Short Story
by
Inês D'Eça
A relação deles durou muito mais que muitos casamentos devido essencialmente aos esforços que ela fizera para que a relação resultasse. Ele apenas se limitara a esperar de mãos cruzadas que a vida e os sonhos caíssem no seu colo sem grande esforço.
Ela farta de críticas, de desrespeito, de indiferenças, de faltas de atenção e de educação, tinha posto um ponto final no inferno que se adivinhava a sua vida de casal ( e tão simplesmente, só porque ele recusava a viver a relação com o companheirismo próprio de quem tem um projecto de vida a dois).
Ele, primeiro, e como é típico do género masculino, reclamou, tentou pôr em causa a fidelidade dela (como se para os homens essa fosse a única razão que leva as mulheres a terminarem relações doentias) e estrebuchou, ferido de posse, mas como acomodado por natureza, bem depressa se acomodou ao fim da relação, tal como se havia acomodado há mesma.
Durante um tempo, ficou a amizade, mas após uma ida a um cinema, ela tornara-se esquiva, por não se sentir confortável junto dele, e ele após dois meses e meio de distância começou a persegui-la com desculpas obscuras para se encontrar com ela.
Ela já não o compreendia. Teria ele levado todo aquele tempo a assimilar a sua perda, quereria a recuperar sem ter feito nada para a reconquistar? Até quando é que ele pensava que a podia manipular?
De qualquer modo, já havia algum tempo que não se viam e iam-se encontrar nos anos de uma amiga comum aos dois. A festa seria numa casa dos pais do marido dela e cujo andar era relativamente elevado.
Primeiro limitaram-se a conversa de circunstância, mas num momento de maior exaltação da festa ele pediu-lhe um momento a sós, ela primeiro resistiu, mas a insistência foi tanta que ela concedeu uns minutos na solidão e tranquilidade oportuna do quarto de casal amigo.
Quando ele se viu sozinho com ela, começou com a voz embargada:
- “ Eu tenho sentido muita a tua falta, quero que voltes para mim… Percebi que não te quero perder e quero realizar contigo os sonhos que construímos juntos durante todos estes anos, e olha, até aceito te dividir com o teu cão!”
Ela olhou-o boquiaberta, deu um riso irónico, cheia de mágoa, ressentimento, revolta e incredibilidade:
- “ Tu estás doido ou estás a gozar comigo? O que é que achas que fizeste este tempo todo, que me fizesse, de alguma forma, achar que valia a pena tentar mais uma vez? Que tens feito para me provares que lutas por mim? Sim, ainda te amo, mas de que me serve esse amor? De nada, tal como nada tens feito. Tu acabaste com a fé que eu pensava inabalável da força do amor, porque essa força só é possível quando as duas pessoas lutam por ele. E eu estou cansada de lutar, já não tenho, nem quero dar mais nada a este amor doentio. Estou vazia. Por isso, esquece, esquece-me, cada dia estou mais certa de que fiz bem em terminar a nossa relação, porque contigo eu seria infeliz todos os dias da minha vida, e eu não mereço isto, muito menos sou a Madre Teresa de Calcutá para ser infeliz em nome de um amor que não vale a pena! E já agora, agradecia que parasses de me assediar ou arriscas a perder também a minha amizade e eu esquecerei até dos bons momentos que vivemos!”
- “É a tua última palavra?”
-“É!”
Então ele sorriu, abriu a porta da varanda, olhou para ela, novamente com aquele sorriso estranho e fugidio e com um pulo sentou-se no parapeito da varanda e disse:
-“ Assim sendo, não me deixas outra alternativa…”
-“ Que estás a fazer?” – disse ela, alarmada. –“Não sejas estúpido e egoísta, desce daí, isso não te servirá de nada!” – e enquanto dizia estas palavras, ela recuava para a porta do quarto, com medo que qualquer passo na sua direcção o precipitasse no vazio. –“Tu podes não vir a ter um amor igual ao que eu te dei, mas ainda tens tempo de encontrar alguém que goste de ti. Nem com todo o amor que te dei eu valho a pena ao ponto de tomares essa atitude. Pensa bem. E se queres fazer isto só para me castigares, para que eu fique com remorsos, será em vão e só vais magoar os teus pais, pensa neles, a minha consciência está tranquila. E eu sei que nada mais pude, posso ou poderia fazer por nós. Não sejas infantil, precisas de ajuda, e eu ajudo-te a arranjá-la e vais deixar de sofrer, mas não faças isso, não vale a pena!”
Ele voltou a sorrir, riu, disse adeus e deixou-se cair, enquanto ela congelava por dentro e abria arregalados os olhos incrédulos, enquanto na garganta se formava e prendia um grito surdo.
Durante um segundo ela sentiu o tempo parar, como se tudo se encontrasse suspenso, ela não conseguia se mexer e os sons que lhe chegavam aos ouvidos faziam a cena desenrolar-se perante os olhos abertos e fixos no vazio de onde ele se jogara, e com o olho da mente ela viu, o baque surdo do corpo dele na calçada, os gritos dos transeuntes, alguém a gritar : “Chamem uma ambulância!”
Nas suas costas, a festa prosseguia até que alguém se apercebeu da mudança dos sons da rua e chamando os outros se dirigiu ao quarto e ao passarem por ela e perguntarem-lhe por ele, olharam pela varanda e perguntaram o que tinha acontecido.
Ela não se mexeu, nem o conseguia fazer, mantinha-se estática, pálida e apaticamente de olhos abertos, sem diminuição da incredibilidade sentida pela situação, até que alguém a agarrou pelos ombros, tentando fazê-la reagir e com esse toque tudo ficou negro e ela caiu inconsciente.

Quando ela acordou, e embora não se tivesse apercebido de imediato, estava num hospital com um dos seus amigos ao seu lado…
Ainda sem bem avaliar onde ela estava, conta tudo o que se passara como se dum pesadelo se tratasse, pois a sua mente ainda perturbada não conseguia apreender a realidade dos factos, o amigo pega-lhe na mão e com um ar taciturno responde-lhe:
- “ Lamento muito, mas não foi um pesadelo, estás em choque e por isso estás aqui. Tens que te recuperar, isso é o mais importante agora!”
- “Então… ele foi assim tão cobarde?!?... Eu tentei… Eu não tive a culpa, eu tentei evitar…”
- “Calma, ninguém te culpa. Ele é que errou. Tem força e ultrapassa isto. A culpa nunca foi tua e tu não mereces sofrer mais com isto.”
Ela chorou, libertou então o grito aprisionado, mas reconstruiu-se e a sua vida é uma página em branco…