Friday, December 28, 2018

Fim de Ano = Época de Balanço



Em geito de revista de ano, neste fim de 2018, revisito o que vivi, as coisas boas e as coisas más e agradeço por tudo o que vivi, e sou sincera a dizer que de facto este ano me senti verdadeiramente grata de tudo, e posso dizer que as palavras-chave que marcam o meu ano de 2018 são Gratidão, Tranquilidade e Maturidade.

Nas coisas boas recordo a operação ao ouvido que me fez melhorar a qualidade de vida, pois o meu ouvido direito estava muito limitado no som que ouvia o que diminua a minha qualidade de vida e de trabalho já que no atendimento ao público precisamos de ouvir perceber as pessoas que atendemos. Recordo o Natal do Ano do Ano 2017, onde pude pela primeira vez passar com a minha "nova" família e onde pude conhecer finalmente os meus sobrinhos, dois jovens de vinte e poucos anos, que embora possam não precisar de mim, com quem não posso fazer programas de tia, porque já têm os seus próprios programas e vidas, mas que me deixaram orgulhosa das pessoas que são e que podem sempre contar comigo quando precisarem, pois estou aqui para eles. Recordo o bebé da minha amiga R. que nasceu em Setembro e que completou em amor e beleza uma familia que já tinha muito de belo. Recordo o reencontro com uma colega do 5º ano, em quem por várias vezes pensava em como e onde estaria, graças ao facebook (está a faltar o reencontro em pessoa, não é S.B.?). Recordo quem me acompanhou de um modo ou de outro no que foi os piores dias deste ano. Recordo a conquista do meu Black Beauty, algo há tantos anos desejado e só alcançado aos 40, mas que foi a primeira coisa que conquistei com sacrificio, o que aconteceu pela primeira vez na minha vida, já que anteriormente os sacrificios eram feitos apenas para sobreviver. Recordo a maturidade tranquila dos 40 anos (ainda sem 1 cabelo branco ;-) ) e a sabedoria e aprendizagem que os 45/46 - quiça acabo antes das badaladas da meia-noite o que estou a ler agora - livros lidos este ano me trouxeram. Recordo os louvores obtidos no meu trabalho que provam que sou apreciada e competente e reconhecem o valor do meu trabalho e esforço diário.

Das más recordo primeiro a desilusão que tive com os pais, principalmente com a minha mãe, pois quando sabemos que fomos capazes de tudo pelo amor que sentimos por eles e que no fundo toda a nossa vida foi uma mentira e um engano, que nos faz duvidar das nossas certezas mais básicas, e juntamente com isto, a propria perda da minha mãe, na verdade foi como se a tivesse perdido duas vezes só num ano, pois primeiro perdi a ideia que tinha dela e do seu amor por mim, e depois perdia porque partiu, talvez até por vontade própria, porque não entendeu que as escolhas que fiz foram para o seu bem-estar e segurança, e sei que mesmo magoada e desiludida, não deixei de a amar, nem deixo de a amar agora, e até depois da morte dela ainda fiz mais por ela e consegui deixá-la descansar onde penso que ela gostaria de ficar, na terra dela, com os pais e o tio de quem ela tanto gostava. Recordo a solidão e o vazio da real orfandade em que me encontro, embora muitas vezes sinta que fiquei orfã duma mãe de quem fui mais mãe que filha, o que equivale a dizer que me sinto orfã de filha, se é que me conseguem entender. Recordo as tristezas que de vez em quando me visitam mas que eu sinto que vou conseguindo manter controladas por enquanto...

Nem tudo foi bom, nem tudo foi mau, mas tudo valeu a pena.

E que o novo ano me traga novos livros, novas aprendizagens, novos sorrisos, novas lágrimas, novas pessoas e novos crescimentos, e a paz de espírito para saber viver com o que vier a surgir.

E se alguém aí desse lado tiver lido estas mal amanhadas linhas, tenha um ano de 2019 de conquistas, crescimento e paz. Sejam felizes...

Ocean Dreams from dolphin_star...

Thursday, December 27, 2018

Revisitando um poema de outro poeta, enquanto a poetisa em mim vive adormecida


Deito fora as imagens,
Sem ti para que me servem
as imagens?

Preciso habituar-me
a substituir-te
pelo vento,
que está em toda a parte
e cuja direcção
é igualmente passageira
e verídica.

Preciso habituar-me ao eco dos teus passos
numa casa deserta,
ao trémulo vigor de todos os teus gestos
invisíveis,
à canção que tu cantas e que mais ninguém ouve
a não ser eu.

Serei feliz sem as imagens.
As imagens não dão
felicidade a ninguém.

Era mais difícil perder-te,
e, no entanto, perdi-te.

Era mais difícil inventar-te,
e eu te inventei.

Posso passar sem as imagens
assim como posso
passar sem ti.

E hei-de ser feliz ainda que
isso não seja ser feliz.

By Raul Carvalho

Wednesday, December 19, 2018

É Novamente Natal



É novamente Natal e este ano vai ser um Natal estranho pois neste ano eu fiquei verdadeiramente orfã pois a minha mãe faleceu este verão antes de completar 70 anos e essa situação deixa-me numa amalga de sentimentos que não me fazem apreciar totalmente o Natal este ano. Claro que disfarço, vou sorrindo e cantando e desejando a todos Boas Festas como se de algum modo eu me esqueçesse que este anos estou deveras mais pobre. Sei em consciência que já alguns anos não passavamos juntas, pois a saude dela pedia vigilância constante, mas há algo no facto de a saber bem e acompanhada que me tranquilizava e durante o dia, ainda que ela estivesse longe ia a visitar, dava-lhe as prendas e dava a quem cuidava dela também uma lembrança como quem agradeçe.

Sei também que me desiludi muito com ela nos ultimos tempos, mas nunca deixei de a amar, nem de cuidar dela. Sei que consegui fazer uma ultima coisa por ela depois de morta, que foi juntá-la aos pais e ao tio que ela gostava no jazigo da familia. Sei que fui mais mãe que filha, contudo a sensação de orfandade persiste e mantém-se presente.

Sei que na noite da consoada e na noite de Natal não vou puder chorar quando a tristeza bater mas sei que nem por um momento vou esquecer a razão deste Natal ser mais triste, menos brilhante, mais vazio.

Peço desculpa a quem me ler assim menos festiva, mas este desabafo no silêncio da solidão tinha que sair da minha alma. Que este post não vos entristeça e tenham todos um Feliz Natal.