Reflexões em tempo de balanço
Estamos em Dezembro de 2015, perto do Natal e ainda antes dos votos de boas festas eu venho aqui 3 anos depois de ter escrito aqui pela ultima vez, para exprimir sentimentos e pensamentos que me têm assaltado nos últimos dias. Nos últimos anos passei pela experiência de cuidadora da minha mãe, tarefa essa que fiz com todo o meu amor mas que, na tentativa de lhe prestar os melhores cuidados possíveis deixou-me financeiramente extremamente frágil. Ao ponto de não conseguir pagar a renda e ter que deixar a casa onde morei nos últimos 4 anos, ao ponto de me obrigar de me separar de dois dos meus pestinhas de 4 patas, os meus meninos, para que não perdesse também as meninas e não sofresse a perda dos meus 4 animais, ao ponto de pagar as minhas contas da casa em prestações. No meio de um desespero tremendo pedi ajuda à família e embora houvesse quem me dissesse que não me deixaria passar fome, por que motivo que fosse, ninguém do meu sangue me acolheu ou me ajudou, e há até quem até hoje nem sequer me tenha contactado para saber como estou e se resolvi os meus problemas. E por mais que eu queira ser evoluída, esta indiferença da minha família dói e garanto que muito... Ainda assim e parafraseando Julie Andrews no filme Musica no Coração, “quando Deus fecha uma porta, algures ele abre uma Janela” e isto foi verdade para mim. Tive ajudas para tentar organizar esta fase mais complicada da minha vida inclusive no trabalho, mas mais importante foi quem me estendeu a mão e acolheu me não só na sua casa mas também no seu coração e hoje é tudo para mim. Quando eu pensava que estava fechada para o amor, porque sentia me sozinha num buraco negro sem esperança, que não tinha disponibilidade eis que me aparece alguém com quem eu já falava, deseja ver mas nunca pensei que poderia amar e ele fez me descobrir a pessoa fantástica que ele é, e que correspondia a todos os meus desejos de um amor companheiro, respeitador, intenso, cúmplice, e hoje sou a sua esposa, a sua amiga, a sua tudo e ele é tudo o que eu queria e muito mais, faz-me feliz todos os dias e nada mais quero que fazer-lo feliz todos os dias. Amo o seu coração generoso, a sua bondade com os outros e como gosta de ajudar, a sua resistência à dor, a sua energia, o seu jeito de menino travesso, o seu humor simples, a sua inteligência e os seus múltiplos talentos. Apesar de um ano muito dificil, antecedido por outros não menos complicados, este ano quase a acabar, acaba com um saldo positivo, pois embora as dificuldades financeiras ainda demorem muito a ultrapassar o que levo deste ano tem um valor incalculável. Mas estou triste, porque quem costuma me convidar nos últimos anos para o Natal, porque não o conhece, porque acha a a relação sendo recente poderá ou não ter futuro, e porque tem uma criança, não quer a presença dele se eu for neste Natal. A partir do momento em que me assumo como mulher e companheira deste homem, ele é a minha familia, sinto que exclui-lo sem o conhecer é excluir me a mim também e isso incomoda me porque eu não teria a mesma atitude, nem com a desculpa de ter crianças pequenas e eventualmente temer que qualquer desconhecido que entre em minha casa seja alguem que entre para agredir os meus. Só a atitude de me acolher em sua casa quando para todos os efeitos eu era-lhe praticamente uma desconhecida, independentemente do envolvimento que viemos a ter, já atitude louvável e indicativa da sua natureza o suficiente para o aceitar e querer conhecer?!?
Não sei se por trás desta atitude há ainda que sentimento existe ou se é apenas preconceito, não sei, mas que me magoou, isso o fez e já não sei bem o que pensar da pessoa e do futuro da nossa relação, porque é um núcleo da familiar que podia estar distante mas que apesar de tentativas de quem já cá não está para que assim fosse, está proximo e eu dou valor à familia e nunca gostei de ter que escolher entre estar em com A e mal com B... Enfim até ao Natal vou ser feliz com quem me ama e deixar a àgua correr debaixo da ponte...